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Linguagem Conotativa – Figuras de Linguagem

– CONOTAÇÃO X DENOTAÇÃO

– POLISSEMIA

– FIGURAS DE LINGUAGEM

Conotação

Denotação é o emprego de palavra(s) no seu sentido próprio, comum, habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários.

Conotação é o emprego de uma palavra tomada em um sentido figurado, que depende do contexto.

Quando um vocábulo possui mais de um significado, chamamos isso de polissemia. (do Grego poli, “muitos”, e sema, “significado”)

FIGURAS DE LINGUAGEM

COMPARAÇÃO

A comparação consiste na associação entre dois termos diferentes, mas entre os quais há algo que permite aproximá-los.

“Amar é como ter sede, depois de muito ter bebido”

João Guimarães Rosa

“Quero brincar no teu corpo feito bailarina“

Chico Buarque

METÁFORA

Na metáfora está sempre implícita uma comparação, ou seja, como que corresponde a uma associação comparativa entre duas realidades, entre duas ideias, mas coladas uma à outra sem quaisquer elementos que explicitem essa associação.

METÁFORA

“Se eu tivesse a força
Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho”

Engenheiros do Hawaii

“Ninguém me fará calar, gritarei sempre

que se abafe um prazer, apontarei os desanimados,

negociarei em voz baixa com os conspiradores,

transmitirei recados que não se ousa dar nem receber,

serei, no circo, o palhaço,

serei médico, faca de pão, remédio, toalha,

serei bonde, barco, loja de calçados, igreja, enxovia,

serei as coisas mais ordinárias e humanas, e também as excepcionais:

tudo depende da hora

e de certa inclinação feérica,

viva em mim qual um inseto.

Uma parte de mim sofre, outra pede amor,

Outra viaja, outra discute, uma última trabalha,

Sou todas as comunicações, como posso ser triste?”

Drummond

CATACRESE

A catacrese é a mudança na acepção de um nome, fazendo este representar, por analogia, um objeto, ou uma parte do objeto, para os quais não existem nomes de referência particulares:

– perna de mesa

– folha de papel

– braço da cadeira

– asa da xícara

– cabeça de alfinete

– banana de dinamite

– braço da poltrona

– cabelo de milho

– dente de alho

– enterrar uma agulha no dedo

– embarcar no avião

– maçã do rosto

METONÍMIA

Enquanto a METÁFORA se baseia numa relação de similaridade de sentidos, a METONÍMIA se constrói com base numa relação de contiguidade de sentidos.

METONÍMIA

“E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento”

Vinicius de Moraes

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus,

pergunta meu coração.”

Carlos Drummond de Andrade

PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO

A PROSOPOPEIA se dá quando atribuímos qualidades ou características humanas a tudo o que não seja humano (ideias, animais, plantas, coisas, objetos inanimados, o irracional, etc.):

“…. Deixa que o vento corra,
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra, enquanto eu,
mergulhado nos teus imensos olhos,
nesta noite imensa, descansarei,
meu amor…”

EUFEMISMO

O EUFEMISMO é usado para suavizar o caráter desagradável, horrível, penoso, grosseiro ou indecoroso, de um julgamento, de uma notícia, de um pensamento, etc.

Conotação

PLEONASMO

Designa as redundâncias mal formadas, sobretudo do ponto de vista gramatical e lexical:

Subi para cima

Desceu para baixo

“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento”

Vinicius de Moraes

“Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.”

Cecília Meireles

ANTÍTESE

A ANTÍTESE consiste na oposição dos contrastes em estado puro. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

João Guimarães Rosa

PARADOXO

É uma ideia lógica que transmite uma mensagem que contradiz a sua estrutura. O paradoxo expõe palavras que apesar de possuírem significados diferentes estão relacionados no mesmo texto, por exemplo “Quando mais damos, mais recebemos”, “O riso é uma coisa séria”, “O melhor improviso é aquele que é melhor preparado”.

O Inferno São Os Outros

O que seria da tua beleza
Se eu fechasse os meus olhos pra você
O que adiantaria essa tua ideologia
Se tua própria liberdade se transformasse em opressão
Escute o meu silêncio

Talvez você nem tenha percebido
Que eu te quis também
Se ao menos eu pudesse te mostrar
Que o inferno são os outros

Assonância

Tal recurso define-se pela repetição de um mesmo fonema vocálico, como o que se manifesta nos versos de Manuel Bandeira, cuja criação tem como título A onda:

A onda

a onda anda

aonde anda

a onda?

a onda ainda

ainda onda

ainda anda

aonde?

aonde?

a onda a onda

Aliteração

Trata-se, também, de uma repetição, mas desta vez com o fonema consonantal, como o que amplamente identificamos por meio dos versos de Manuel Bandeira, inerentes ao poema:

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos…
O vento varria tudo!
E minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

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